EXPANSÃO TERRITORIAL
A busca de mão-de-obra indígena, a pecuária e a mineração são
atividades que resultam na expansão da ocupação portuguesa para áreas além dos
limites do Tratado de Tordesilhas. Essa expansão é estimulada pela Coroa
portuguesa velada ou abertamente.
Bandeiras
O apresamento de indígenas e a busca de metais e pedras
preciosas são os principais objetivos das bandeiras. No início do século XVII,
com Portugal sob domínio espanhol, a Holanda investe no comércio de mão-de-obra
africana e desorganiza o tráfico português. O fluxo de escravos negros para
algumas regiões da colônia diminui e renasce o interesse pela escravização do
indígena. Quando o tráfico negreiro é regularizado, as bandeiras continuam,
motivadas pela procura de metais e pedras preciosas.
As
expedições – A
capitania de São Vicente é o principal ponto de partida das bandeiras: grandes
expedições, às vezes formadas por milhares de homens, que viajam pelo interior
durante meses e até anos. Vão fixando acampamentos temporários para melhor
explorar uma região – possibilidade de encontrar ouro, prata e pedras preciosas
– ou preparar o ataque às tribos indígenas. Para o apresamento, os alvos
principais são os aldeamentos jesuíticos. Estima-se que 300 mil índios são
escravizados entre 1614 e 1639. As primeiras bandeiras são comandadas por Diogo
Quadros e Manuel Preto, em 1606, e Belchior Dias Carneiro, em 1607.
Raposo Tavares – Em 1629, Antônio Raposo Tavares e
Manuel Preto dirigem uma bandeira com 900 mamelucos e 2.200 índios. Eles
destroem os aldeamentos jesuítas de Guayra, na atual fronteira com o Paraguai,
aprisionando milhares de indígenas. Raposo Tavares faz uma outra grande bandeira
entre 1648 e 1651: sai de São Paulo, alcança o Peru, desce o Amazonas até o
Pará.
Pedro Teixeira – A bandeira de Pedro Teixeira sobe
o rio Amazonas até Quito, em 1637. Retorna ao Pará em 1639 e é derrotado pelos
índios com o apoio dos jesuítas em 1641.
Fernão Dias Paes – Conhecido como caçador de
esmeraldas, a bandeira de Fernão Dias embrenha-se pelo interior do atual Estado
de Minas Gerais, entre 1674 e 1681, em busca de ouro e pedras preciosas. Em
outra expedição, vai às Missões, no sul, junto com Raposo Tavares.
Anhangüera – Bartolomeu Bueno da Silva,
conhecido como Anhangüera, procura ouro no Brasil central. Chega ao rio
Vermelho, sudoeste de Goiás, entre 1680 e 1682.
Pascoal
Moreira Cabral –
Parte de Sorocaba e atinge o Mato Grosso. Encontra ouro às margens do rio
Coxipó-Mirim, em 1719.
Artur e Fernão Paes de Barros – A bandeira dos Paes de Barros
parte de Cuiabá. Descobre ouro na bacia do rio Guaporé, no Mato Grosso, em
1731.
Domingos Jorge Velho – A bandeira de Domingos Jorge Velho
dirige-se ao Nordeste do Brasil entre 1695 e 1697. Subjuga indígenas do
Maranhão a Pernambuco e ajuda a exterminar o Quilombo de Palmares.
Ocupação
do sertão
A pecuária desenvolvida nos engenhos de Pernambuco e Bahia
contribui para o desbravamento do interior do Nordeste. O "sertão de
fora", como é chamada a região próxima do litoral, é ocupado a partir de
Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte, e os migrantes chegam até o
interior do Ceará. O "sertão de dentro", mais para o interior, é
ocupado a partir da Bahia. Os canais de acesso são os rios São Francisco, que
leva ao sertão baiano e à região das minas, e Parnaíba, que permite chegar ao
sul do Piauí e do Maranhão.
Amazônia
O ponto de partida para a ocupação da Amazônia é o Forte do
Presépio, atual cidade de Belém, fundado em 1616 na baía de Guajará pelo
capitão Francisco Castelo Branco. O extrativismo vegetal é o principal móvel de
ocupação e povoamento da Amazônia. As chamadas "drogas do sertão",
como o urucum, o guaraná e alguns tipos de pimenta, rendem bons lucros no
mercado internacional e são alguns dos produtos monopolizados pela metrópole. À
sua procura, milhares de pessoas internam-se na floresta e os vilarejos vão
surgindo às margens dos rios. A região torna-se também fonte de mão-de-obra
indígena, vendida nas principais praças do Nordeste.
Extremo
sul
A
expansão em direção ao sul, num primeiro momento, dirige-se por mar para o rio
da Prata, porta de entrada para o interior do continente. Uma segunda rota de
ocupação parte de Laguna e desce ao sul por terra. Em geral, é feita por
paulistas que chegam ao pampa para "campear gado xucro", ou seja,
montar estâncias com o gado introduzido na região pelos jesuítas e que se
reproduz em grandes manadas sem donos quando os religiosos são expulsos do
Brasil.
Colônia de Sacramento – A colônia de Sacramento, atual
cidade de Colônia, no Uruguai, é fundada em 20 de janeiro de 1680, na margem
esquerda do rio da Prata, praticamente em frente a Buenos Aires. O ponto é
estratégico: permite o acesso por terra a toda a região do pampa e, por rio,
para o atual Centro-Oeste do Brasil, Paraguai e Bolívia. Organizada pelos
jesuítas, a colônia torna-se um dos centros da guerra de fronteiras entre
portugueses e espanhóis. Tomada pelos espanhóis em 7 de agosto de 1680, é
restituída aos portugueses pelo Tratado de Lisboa, assinado entre os dois
países em 7 de maio de 1681.
Fundação de Montevidéu – Em 1726, os espanhóis (ou
castelhanos, como os portugueses chamam os súditos do reino de Castela) fundam
Montevidéu, a leste de Sacramento, também na margem esquerda do Prata, mas um
pouco mais próxima de sua foz. Pretendem com isso diminuir a influência de
Portugal na região dos pampas e ampliar o controle da navegação no Prata.
Fundação de Rio Grande – Entre 1735 e 1737 nova guerra
explode na região do Prata e os portugueses fazem várias tentativas de
conquistar Montevidéu. O comandante da expedição, brigadeiro José da Silva
Paes, funda o povoamento de Rio Grande de São Pedro, em 1737, atual cidade de
Rio Grande. Porto marítimo localizado na embocadura da lagoa dos Patos, a
região é estratégica para a ocupação do pampa.
Guerras de Fronteiras – Os conflitos na fronteira
estendem-se por quase todo o século XVIII. Os dois países chegam a um acordo
apenas em 1777, com o Tratado de Santo Ildefonso: os portugueses reconhecem a
soberania espanhola sobre Sacramento e garantem sua posse sobre o Rio Grande de
São Pedro.