HISTÓRIA DA AFRICA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA


Professores da rede Pública Municipal estiveram reunidos no Núcleo de Tecnologia da Educação e sob a coordenação do Professor Dinarte Belato refletiram sobre a importância do ensino de história africana.
História e Cultura Afro-Indigena-Brasileira

Dinarte Belato

1 - Introdução:
A decisão política de enfrentar o silêncio histórico e social que pesa sobre os brasileiros negros ou índios vai aos poucos se rompendo na medida em que se firma uma consciência individual e coletiva da multiplicidade étnica do povo brasileiro.Essa multiplicidade étnica implica reconhecer como sujeitos da construção da identidade brasileira não só os tardiamente chegados europeus, mas também, os índios que desde sempre aqui estiveram e os negros que foram forçados a emigrar como escravos pois o negro se convertera em sinônimo de escravo e o continente africano, a partir do século X dC, no reservatório mundial de trabalho (forçado) para o Índico, o mundo islâmico do Oriente Médio e do Norte da África e da Europa Cristã. Este tráfico antigo, que nos é pouco conhecido retroage a tragédia da escravidão africana para mais de cinco séculos. Não é outra a razão que levou os missionários a tão apaixonadamente opor-se à escravidão indígena. Para eles, os missionários, não havia nenhuma objeção de consciência a que o negro fosse submetido ao trabalho forçado na condição de escravo.
O tráfico escravo organizado pelos mercadores cristãos europeus, dirigido, a partir de século XVI, principalmente para as Américas, não interrompeu o já velho tráfico islâmico que, atravessando o Sahara, fazia chegar os escravos ao Mediterrâneo, ao Egito, ao Mar Vermelho, ao Golfo Pérsico, e pelas costas orientais da África, ao Indico e à Índia.
As revoltas e rebeliões indígenas contra a dominação dos brancos na América ensejou a que portugueses e espanhóis, sob pretexto de “guerra Justa” movessem guerras de extermínio e de captura de índios para submetê-los ao trabalho forçado, mesmo quando os missionários a isso se opunham, como o fizeram os jesuítas e o bispo dominicano Bartolomé de las Casas.
Curiosamente, foram os brancos que, durante e depois da escravidão espalharam preconceitos e não raras vezes doutrinas racistas da inferioridade racial de negros e índios. Este preconceito se estendeu também ao Continente Africano, visto como uma espécie de país do caos, da desordem e da guerra civil.
Digo curiosamente porque foram justamente essas vitimas da escravidão que propiciaram a riqueza e a glória dos seus senhores. Os imigrantes europeus chegados no século XIX rapidamente incorporam o discurso do senhores de escravos, mesmo sabendo que os escravos em 1888 não tenham recebido um palmo de terra, de sua, para trabalhar, enquanto os imigrantes recebiam, a preços muito módicos e a dilatados prazos de pagamento, seus lotes demarcados. Estes mesmos imigrantes sabem que a colonização avançou rapidamente sobre terras indígenas e mesmo sobre as que o governo demarcara para encurralá-los e submete-los às autoridades do Estado.
Hoje, tão vorazmente como outrora, as comunidades que cercam as terras indígenas não tem nenhum pudor de cobiçá-las escondendo suas cobiça na acusação da preguiça do índio, de sua incapacidade de trabalhar, de sua indolência.
A lei 10.639 pretende ser a expressão concreta tanto do avanço de uma consciência e de uma nova sensibilidade coletiva em relação à cultura negra africana, afro-brasileira e índia. E a escola é um lugar muito favorável ao diálogo multicultural, à vivência da diferença, do outro como diferente e igual. A história nos tem mostrado que tais vivências são decisivos no reconhecimento precoce do outro, na convivência plural e, sobretudo, na prática da tolerância.
Cabe-nos, então, como escola viabilizar cultural e pedagogicamente a s possibilidades de ação que a Lei 10.636 não só legitima como incentiva e obriga.