ENTENDA O IMPERIALISMO

Imperialismo



O termo imperialismo popularizou-se como sinônimo de política externa americana, pelo uso que dele fizeram os partidos nacionalistas e os teóricos de esquerda do mundo inteiro. Especialmente depois da segunda guerra mundial, o antiimperialismo foi reivindicado como ponto programático de todas as organizações políticas progressistas dos países dependentes.Imperialismo é a política de dominação econômica de uma nação sobre outras, acompanhada ou não de ocupação territorial, com maior ou menor ingerência nos assuntos de estado das nações dominadas e com uso eventual de força militar para garantir a hegemonia.
Usado a partir do final do século XIX, o termo imperialismo define, na atualidade, as relações econômicas dos países desenvolvidos com os países pobres e se confunde com "dependência" e "neocolonialismo".As duas grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, o liberalismo e o marxismo, abordam o fenômeno do imperialismo. Para a primeira, ele é uma opção das grandes potências industriais, que poderiam seguir outro caminho de desenvolvimento econômico. Para o pensamento marxista, o imperialismo é a etapa superior e inevitável do capitalismo, condição de sobrevivência do sistema.Liberalismo e imperialismo.
O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 com Imperialism, do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia à acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matérias-primas e de mercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismo raízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista. Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida, Capitalism, Socialism and Democracy (1942), conclui que o capitalismo acabará por esgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, a política imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifista em essência.
O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescente em estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para sua sobrevivência de guerras e conquistas.Teoria marxista-leninista do imperialismo. As décadas de 1870 e 1890 assistiram a um retrocesso da economia de livre mercado e a um retorno da intervenção estatal na economia. A contrapartida internacional desse fenômeno ocorrido localmente foi o imperialismo. Os países mais poderosos da Europa, depois de quase um século de indiferença em relação a suas colônias de ultramar, em cerca de vinte anos repartiram entre si praticamente todo o mundo ainda não colonizado. Para os teóricos marxistas, a necessidade de exportação de capital excedente não justifica o expansionismo imperialista, como pretende o pensamento liberal, pois apenas o Reino Unido e a França investiam fora de suas fronteiras e preferiam para isso outros países europeus, como a Rússia, ou o hemisfério ocidental, ao invés de suas próprias colônias.
No final do século XIX estavam consolidadas as grandes potências internacionais, nas quais a força econômica preponderante era o capital financeiro, proveniente da aliança entre bancos e indústria. Transcorrida a primeira década do século XX, o mundo inteiro estava sob o controle direto ou indireto de alguma das grandes potências européias: Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e outras. Com grande quantidade de capital excedente, os grupos econômicos passaram a investir em colônias e semi-colônias, e a suposição de que essa iniciativa geraria grandes lucros provocou a aceleração da corrida pela liderança entre os mais poderosos.

Por volta de 1914, insatisfeitas com a maneira como o mundo estava dividido, coalizões rivais de países imperialistas desencadearam a primeira guerra mundial, com o fim de promover uma redivisão do mundo.V. I. Lenin, na clássica obra sobre o tema intitulada Imperializm, kak vixaia stadia kapitalisma (1917; Imperialismo, etapa superior do capitalismo), explica a primeira guerra mundial como conseqüência do caráter expansionista do capitalismo monopolista. Do ponto de vista teórico, Lenin encara o imperialismo como a culminação necessária do capitalismo. Essa nova fase do sistema envolve mudanças sociais e políticas, mas sua essência é a substituição do capitalismo competitivo pelo capitalismo monopolista, estágio avançado do sistema em que o capital financeiro domina a vida econômica e política da sociedade. A concorrência prossegue, mas apenas entre um pequeno grupo de gigantescos conglomerados, capazes de controlar setores inteiros da economia nacional e internacional.
O investimento estrangeiro desempenha papel fundamental na teoria leninista do imperialismo. Ele se materializa na instalação de empresas de um país em outro, ou na participação acionária em empresas já existentes. O capital estrangeiro pode também assumir a forma de empréstimos ou financiamentos. A exportação para a metrópole dos lucros produzidos nos países periféricos, no entanto, não constitui o único objetivo do investimento estrangeiro.
Além das vantagens oferecidas pela força de trabalho mais barata e facilidades legais e tributárias, o país investidor procura também controlar fontes de recursos naturais e matérias-primas e abocanhar grandes fatias dos mercados periféricos, com o fim de estender o controle econômico e político para além de suas fronteiras.