CRISE NOS EUA É MAIOR QUE SE ESPERAVA

Corte de 533 mil vagas nos EUA é o pior em 34 anos

Novembro apresentou a 11.ª retração consecutiva; no total, já são 10,3 milhões de americanos sem emprego
A economia americana cortou 533 mil empregos em novembro, o 11º mês seguido de retração na oferta de trabalho. Foi o maior saldo negativo mensal entre contratações e demissões desde 1974. Em mais um sinal dramático de deterioração da economia americana, o desemprego no país subiu para 6,7%, pior nível em 15 anos. No fim de novembro, 10,3 milhões de americanos estavam sem emprego, 2 milhões a mais que a população de Nova York.

Apesar de os números divulgados ontem pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos serem piores do que o previsto, as bolsas, que iniciaram o dia em baixa, se recuperaram, na esperança de novas ações governamentais para estimular a economia. Em Nova York, o Índice Dow Jones fechou em alta de 3,09%. Entretanto, os temores de uma prolongada recessão fizeram despencar o preço do petróleo. No quarto dia seguido de baixa, o petróleo recuou 6,55%, cotado por US$ 40,81, menor preço em quatro anos.

As bolsas reagiram depois que a Casa Branca e o presidente eleito, Barack Obama, deram declarações sinalizando que poderiam adotar medidas para estimular a economia. A Casa Branca declarou estar "muito preocupada" com o desemprego e prometeu "continuar com esforços agressivos" para restabelecer a saúde dos mercados imobiliário e de crédito.

Paralelamente, Obama pediu ao Congresso medidas "urgentes" para reativar o mercado de trabalho e estimular a economia. "Não há conserto rápido ou fácil para essa crise, que foi produzida durante muitos anos, e é provável que piore antes de começar a melhorar", disse Obama, em comunicado.

A reação aos números do desemprego também renovou as esperanças da indústria automobilística. O setor recebeu ontem o apoio do deputado democrata Barney Frank, que alertou para um "desastre imitigável" caso uma grande montadora venha a falir neste momento em que o país perde empregos em velocidade alarmante.

É grande o consenso entre o Congresso e a administração Bush de que o setor automotivo precisa de ajuda. Os dois lados, porém, permanecem irredutíveis em suas propostas. O Partido Democrata propõe que parte do pacote de US$ 700 bilhões para salvar as instituições financeiras seja aplicada em Detroit. Já o presidente George W. Bush quer que o Congresso ajude as montadoras com mudanças nas regras de outro pacote, de US$ 25 bilhões, para estimular a produção de automóveis mais eficientes.

Diante do impasse, e depois de dois dias de audiências no Congresso, os executivos da General Motors, Ford e Chrysler foram para casa na sexta-feira sem nenhuma indicação se vão ou não conseguir ajuda. Juntos, eles pleiteiam US$ 34 bilhões.

Na audiência, o presidente da GM, Rick Wagoner, afirmou que a empresa fará um corte de 2 mil funcionários nas fábricas dos Estados de Ohio e Michigan e do Canadá no início de 2009.

Na primeira semana de dezembro, a conta das demissões passa de 34 mil, com cortes na AT&T, Du Pont e outras empresas.