Movimentos ideológicos de transformação social

A consciência de que a organização social, num momento dado, não é a melhor possível, isto é, que não proporciona o máximo de bem-estar e de possibilidades de auto-realização aos componentes da sociedade, é comum a todos os períodos históricos. Entretanto, parece ter se tornado mais aguda a partir do momento em que a revolução industrial despertou nos homens a idéia de "progresso", isto é, a concepção de que a sociedade é um todo dinâmico, em permanente transformação, e que os recursos materiais de que dispõe aumentam de forma indefinida, possibilitando maior bem-estar aos seres humanos e um aperfeiçoamento contínuo da sociedade.

A noção de "progresso", ao se incorporar à ideologia dos europeus a partir do século XVIII, levou-os a repelir as idéias, antes dominantes, de estratificação social, de que as injustiças são inevitáveis, de convivência perpétua com a escassez, da pobreza ixexorável da maior parte dos seres humanos. A industrialização demonstrou que, do ponto de vista material, era possível construir "o paraíso na Terra" e evitar de forma permanente a escassez e a fome.

Não foi sem tensões que a idéia de uma sociedade mais justa e equitativa se plasmou paulatinamente na realidade. De fato, em qualquer progresso social produzem-se desajustes e injustiças. A rápida evolução da sociedade industrializada provocou uma série de conflitos, nos quais certas camadas sociais reivindicaram -- e algumas vezes conquistaram -- novos e melhores níveis de qualidade de vida. A história recente da maior parte das sociedades contemporâneas encerra um ou mais movimentos revolucionários, que em alguns casos ameaçaram romper o tecido social e implantar condições radicalmente novas de relacionamento entre pessoas e classes sociais.