"As mídias sociais ainda são pouco influentes no Brasil, servindo mais como uma caixa de ressonância ao repercutir notíciasgeradas pela mídia tradicional". Essa é a conclusão da pesquisa inédita realizada pela agência JWT e divulgada na tarde da terça-feira, 8, durante a Social Media Week, em São Paulo.
O estudo revela que as mídias sociais, como blogs, Twitter, Facebook e Orkut, entre outros, são "totalmente" pautadas pela mídia tradicional, sendo que essa, por sua vez, é "pouquíssimo" pautada pelas mídias sociais e, em especial, pelos blogueiros independentes. "A maioria esmagadora do que se fala em mídias sociais é de caráter pessoal. E os blogs independentes, que nos Estados Unidos geram conteúdo original que pauta a mídia tradicional, são muito pouco relevantes no Brasil", disse o vice-presidente de planejamento da JWT, Ken Fujioka.
Para o publicitário Lucas Juswiak, as mídias tradicionais é que são pautadas pela internet: "elas acabam resumindo o que mais está se comentando na internet. Eu praticamente não assisto TV, não sinto necessidade já que me informo pela internet". O Coordenador de Desenvolvimento de Sistemas do NTIC da Unipampa, Daniel de Carli, ainda apresenta outro exemplo: "A internet, através de suas redes sociais, criou oportunidades que antes nunca haviam sido imaginadas. Podemos se lembrar o sucesso da campanha "CalabocaGalvao" que fez o repórter de uma grande emissora rever a sua forma de atuação com o público.Ou mesmo o caso do Egito e da Tunísia. Ou seja, redes sociais para mim é ter uma voz ativa na comunicação, no processo de comunicação".
Para elaborar a pesquisa, a JWT realizou entrevistas e analisou o arquivo das reportagens de 2010 do Jornal Nacional e das revistas Época e Veja. Foram analisadas 7.418 matérias. Nas mídias sociais, foram analisadas as ferramentas Google Trends, Google Em Tempo Real e os relatórios de assuntos populares divulgados no final do ano pelo Twitter e pelo Facebook.
O estudo, diz Fujioka, aponta para algumas hipóteses sobre por que as mídias tradicionais, em especial os blogs independentes, são tão pouco influentes no Brasil: "Quanto mais fragmentada a audiência, mais propício é o ambiente para que os blogs sejam influentes. E no Brasil a internet é muito concentrada". Segundo o Ibope, os sete principais portais brasileiros, UOL, Terra, iG, Globo.com, Google, YouTube e Orkut, concentram 75% de todos os pageviews do Brasil. Para o dirigente da JWT, "a concentração é resultado da competência desses portais. Eles ensinaram o brasileiro a navegar e souberam manter o tráfego". Ao concentrar o tráfego, os portais atraem investimentos e competência técnica. "Os blogueiros que fazem sucesso no Brasil acabam sendo absorvidos pelos portais", afirmou Fujioka. "E eles vão contentes, pois os portais têm um modelo de negócio que funciona".
A jornalista Júlia Rambo, apresenta outro motivo da pouca influência da internet como fonte de informação: o objetivo de cada usuário ao efetivar seus perfis nas redes sociais ou em blogs. "As redes sociais, se bem utilizadas, podem ser um meio de informação, de discussões e troca de ideias. Mas acredito que a maioria das pessoas ainda tem a visão de que o entretenimento seria a única razão da existência delas. Entretanto, aos poucos os conceitos estão sendo modificados, a existência de fóruns e assemelhados, por exemplo, apesar de serem ainda utilizados para jogos de 'azaração', podem render ótimas discussões sobre assuntos realmente relevantes, como teorias e notícias".
Enfim, essa é uma discussão infinita, onde existem muitas opiniões divergentes. Mas não há como negar que o potencial da internet e suas redes sociais é enorme, a realização da segunda edição do Social Media Week é uma prova disso. Esse é um fórum de discussão e debates sobre as tendências no universo das mídias sociais. Ele acontece simultaneamente em outras oito cidades, nos EUA, Europa e Ásia, além do Brasil. Aqui no país o evento aconteceu durante toda esta semana na faculdade FAAP, em São Paulo.
Fonte: Hora H Noticias