Coluna de fogo - Por José Augusto Fiorin


Entre 1924 e 1927 o Brasil vivenciou a maior marcha revolucionária de sua historia. A Coluna Prestes foi um movimento político-militar de origem tenentista, que se deslocou pelo interior do país pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Arthur Bernardes e, posteriormente, de Washington Luís.
No final do ano de 1924, chegavam até a região de Ijuí as forças lideradas pelo Ten. Luis Carlos Prestes, que bem posteriormente iria aderir ao comunismo sendo um dos principais líderes do levante de 1935 durante o governo Vargas.
O município de Ijuí, para resistir ao levante, criou ligas de defesas municipais que com homens armados evitaram que a coluna adentrasse na cidade. Desta forma, os revoltosos de Prestes, fizeram todo um contorno pelo sul, chegando à região do Passo da Cruz (Cel. Barros), Barreiro e Alto da União (Ijuí) chegando até Nova Ramada. Fazendo assim, todo um contorno não avançando pela zona urbana de Ijuí.
Após a derrota do movimento paulista, em 1924, um grupo de combatentes recuou para o interior sob o comando de Miguel Costa. No início de 1925 reúne-se no oeste do Paraná com a coluna do capitão Luís Carlos Prestes, que havia partido do Rio Grande do Sul. Sempre com as forças federais no seu encalço, a coluna de 1 500 homens entra pelo atual Mato Grosso do Sul, atravessa o país até o Maranhão, percorre parte do Nordeste, em seguida retorna a partir de Minas Gerais. Refaz parte do trajeto da ida e cruza a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida (venceu todas as batalhas), a coluna Prestes enfrenta as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos Estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia. Acredita-se que até o cangaceiro Lampião foi convocado para derrotar a Coluna Prestes.
A coluna poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Ataques de cangaceiros à Coluna também reforçam o caráter lendário da marcha, mas não há registros desses embates. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime oligárquico da República Velha e contra o autoritarismo do governo de Washington Luís, o qual mantém o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926.
Os homens liderados por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa não conseguem derrubar o governo de Washington Luís. Entretanto, com a reputação de invencibilidade adquirida na marcha vitoriosa de 25 mil quilômetros, aumentam o prestígio político do tenentismo e reforçam suas críticas às oligarquias. Com o sucesso da marcha, a Coluna Prestes ajuda a abalar ainda mais os alicerces da República Velha e preparar a Revolução de 30. Projeta também a liderança de Luís Carlos Prestes, que posteriormente entra no Partido Comunista Brasileiro. Após liderar a Intentona Comunista de 1935, torna-se uma das figuras centrais do cenário político do país nas décadas seguintes.