Cresce o número de ijuienses que preferem morar sozinhos



Aos poucos, as constatações sociais do dia a dia estão sendo comprovadas. Dados divulgados no Censo Demográfico 2010 do IBGE confirmam pelo menos duas novas realidades da sociedade ijuiense, e que influenciam diretamente nos relacionamentos familiares. 
Um dos dados revela o crescimento do número de pessoas que mora sozinha. Dos 26.803 domicílios da cidade, 3.773 são ocupados por apenas um morador, ou seja, 14%. Segundo a chefe do unidade do IBGE de Ijuí, Elis Regina Allegranzzi, esta é uma tendência em toda região. Em Cruz Alta os domicílios unipessoal são 15%, em Santo Ângelo 13%, Santa Rosa 12,5% e Panambi 12%. "Isso explica o grande crescimento visível da construção civil, versus o crescimento estagnado do número da população", compara.
Segundo Elis, aliado ao morador unipessoal, outro fator, ainda mais preocupante da pirâmide etária é a taxa de fecundidade, que vem caindo a cada década. Em 30 anos, a região Sul baixou de 4,51 filhos por mulher para 1,78, uma redução de mais de 150%.
"Hoje, as gaúchas têm a menor taxa de fecundidade do país", revela Elis. Em 2010, o Estado teve  média de 1,7 filhos por mulher. No país, a taxa é de 1,9 e em Ijuí 1,74 filhos por mulher. "Na década de 40 a taxa de fecundidade era de 6 filhos, em 1970 eram 5,7, em 2000 eram 2,38 filhos", compara. Segundo Elis Regina, para alcancar a taxa de reposição da população, cada mulher deveria ter 2,1 filhos. "A morte prematura de jovens é muito grande, gerando um déficit populacional. A situação vem se complicando. Desde 2000 temos uma população envelhecida, com menos crianças e automaticamente mais idosos. Está ocorrendo uma inversão de valores, a base da pirâmide etária está se estreitando", alerta.
O Censo mostra que as mulheres estão adiando a maternidade e o matrimômio. De forma geral, as famílias têm traçado prioridades como carreira, independência financeira, bens materiais e bem-estar para depois estruturar a família e ter filhos. "A evolução feminina tem desencadeado todas as mudanças sociais e de comportamento de toda sociedade há mais de duas décadas", avalia Elis.
O estudo mostra que mulheres com um grau maior de instrução escolar têm menos filhos, além disso, costumam chegar à maternidade mais tarde, entre 30 e 34 anos. Já as mulheres com mais filhos são da faixa que têm nível de instrução menor, aliada a situação financeira, elas têm filhos entre 20 e 24 anos, idade antigamente considerada a ideal para maternidade.
Fonte: JM