Guardiã de memórias



Desde 2002, quando foi criado, Edith Klein é a responsável pelo museu de Augusto Pestana
Desde 2002, quando foi criado, Edith Klein é a responsável pelo museu de Augusto Pestana
Em todo o mundo, os museus são reverenciados como celeiros da história e da cultura de épocas passadas. São locais de disseminação de conhecimento e reflexão, mas, acima de tudo, são centros de memória e perpetuação do conhecimento. Aqui do lado, em de Augusto Pestana, um museu chama a atenção, não pela sua estrutura, afinal, está nitidamente instalado em local inadequado. Mas pela riqueza de objetos, móveis, literatura e antiguidades de todos os tipos que fazem parte de seu rico acervo. A responsável por esse trabalho é Edith Klein, uma dedicada senhora de 69 anos, com uma trajetória digna de aplausos. 
O Museu Municipal Dr. Orlando Dias Athayde está montado no segundo piso do prédio da Câmara de Vereadores da cidade de Augusto Pestana. Logo na escada de acesso ao local, já é possível observar alguns quadros e cartazes com fotos antigas. Na primeira sala, cartazes de todos os mandatos políticos da cidade, montados com os “santinhos” dos candidatos e pendurados com grampos de roupas em um varal improvisado. Eles fazem parte de uma exposição sobre a política em Augusto Pestana, que foi organizada por Edith por ser ano de eleição. “Essas exposições são uma forma de atrair as escolas para visitação”, comenta a diretora do museu.
Nas outras seis pequenas salas, uma verdadeira viagem ao passado, tudo organizado de forma muito simples. Tem a sala que Edith chama de cozinha, com objetos domésticos antigos de todos os tipos, como louças, talheres, toalhas, fogão e até ferros de passar roupa, daqueles de colocar brasas dentro para esquentar. Tem o quarto, com mobílias que pertenceram ao colonizador José Lang, personagem importante na história do município. O banheiro, com objetos de higiene, banheiras e chuveiros antigos, e também uma sala com aparelhos eletrônicos, sons, máquinas de escrever, entre outras tecnologias de época. Cada item do acervo do museu, por menor que seja, tem uma plaquinha do lado contendo o nome, o ano, a quem pertenceu e por quem foi doado.
A diretora do museu também destinou uma das salas para montar o consultório do Dr. Athayde. Nele tem quadros, fotos, livros, instrumentos médicos, maca, balança para pesar bebês, mesa e até a roupa e o sapato de formatura do médico, tudo doado por sua família. “A primeira sede do museu foi no antigo consultório do Dr. Athayde, por isso, recebeu esse nome em homenagem ao médico. Ele faleceu no ano 2000, a família já tinha doado muitas coisas para o museu de Ijuí, mas conseguimos outras coisas para o nosso museu”, conta Edith.
Além disso, o museu oferece um amplo acervo para pesquisas. Há notícias do governo Lula e da governadora Yeda Crusius e, atualmente, Edith arquiva notícias dos governos Dilma e Tarso. Ela também guarda encadernações dos jornais locais desde 1994 e os jornais que estão circulando no momento no município são encadernados semanalmente. A diretora do museu recorta diariamente de jornais de outras cidades que publicam notícias de Augusto Pestana. “Aqui tem arquivos com notícias desde 1945”, garante.
A ideia de montar um museu em Augusto Pestana surgiu na festa dos 100 anos da imigração alemã, em 2001. “Foi uma grande festa. Várias pessoas da comunidade trouxeram antiguidades para exposição e muitas dessas coisas ficaram com os organizadores. Com isso em mãos, no dia 29 de maio de 2002 o museu começou a funcionar”. Entre 2002 e 2005, Edith atuou como voluntária no local; de 2005 em diante, passou a ser a diretora, o que não podia ser diferente, já que sempre cuidou com muito zelo e carinho de tudo por lá.
Fonte: JM