DITADURA MILITAR
Golpe
de 1964 – No dia 30 de março o governador de Minas, Magalhães
Pinto, lança um manifesto em que conclama o povo à "restauração da ordem
constitucional comprometida". No dia 31 tropas mineiras sob o comando do
general Mourão Filho marcham em direção ao Rio de Janeiro e Brasília. Depois de
muita expectativa, os golpistas conseguem a adesão do comandante do 2º
Exército, general Amaury Kruel. Jango está no Rio de Janeiro quando recebe o
manifesto do general Mourão Filho exigindo sua renúncia. No dia 1º de abril
pela manhã, parte para Brasília na tentativa de controlar a situação. Ao
perceber que não conta com nenhum dispositivo militar e nem com o apoio armado
dos grupos que o sustentavam, abandona a capital e segue para Porto Alegre.
Recusa a oferta de Leonel Brizola para organizar uma resistência armada. Nesse
mesmo dia, ainda com João Goulart no país, o presidente do Senado, Auro de
Moura Andrade, declara vaga a Presidência da República. Ranieri Mazzilli,
presidente da Câmara dos Deputados, ocupa a Presidência interinamente.
O
Regime Militar é instaurado pelo golpe de estado de 31 de março de 1964 e
estende-se até a Redemocratização, em 1985. O plano político é marcado pelo
autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e
militar, prisão e tortura dos opositores e pela imposição de censura prévia aos
meios de comunicação. Na economia, há uma rápida diversificação e modernização
da indústria e serviços, sustentada por mecanismos de concentração de renda,
endividamento externo e abertura ao capital estrangeiro. A inflação é
institucionalizada através de mecanismos de correção monetária e passa a ser
uma das formas de financiamento do Estado. Acentuam-se as desigualdades e
injustiças sociais.
Ministros militares
– Com a deposição de João Goulart, o presidente da Câmara Federal, Ranieri
Mazzilli, assume formalmente a Presidência e permanece no cargo até 15 de abril
de 1964. Na prática, porém, o poder é exercido pelos ministros militares de seu
governo: brigadeiro Correia de Melo, da Aeronáutica, almirante Augusto
Rademaker, da Marinha, e general Arthur da Costa e Silva, da Guerra. Nesse
período é instituído o Ato Institucional no 1 (AI-1).
AI-1 – Os
atos institucionais são mecanismos adotados pelos militares para legalizar
ações políticas não previstas e mesmo contrárias à Constituição. De 1964 a 1978 são decretados
16 atos institucionais e complementares que transformam a Constituição de 1946
em uma colcha de retalhos. O AI-1, de 9 de abril de 1964, transfere o poder
político aos militares, suspende por dez anos os direitos políticos de centenas
de pessoas, entre elas os ex-presidentes João Goulart e Jânio Quadros,
governadores, parlamentares, líderes sindicais e estudantis, intelectuais e
funcionários públicos. As cassações de mandatos alteram a composição do
Congresso e intimidam os parlamentares.
Governo Castello
Branco
Em 11
de abril de 1964, o Congresso elege para presidente o chefe do Estado-maior do
Exército, marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Empossado em 15 de
abril de 1964, governa até 15 de março de 1967. Usa atos institucionais e
emendas constitucionais como instrumentos de repressão: fecha associações
civis, proíbe greves, intervém em sindicatos, cassa mandatos de políticos,
entre eles o do ex-presidente Kubitschek, em 8 de junho de 1964. No dia 13 de
junho cria o Serviço Nacional de Informações (SNI). Em 27 de outubro o
Congresso aprova a Lei Suplicy, que extingue a UNE e as uniões estaduais de
estudantes. O novo governo assina com os EUA o acordo MEC-Usaid, com o objetivo
de reestruturar a educação pública no país. Em 18 de outubro de 1965 manda
invadir e fechar a Universidade de Brasília pela polícia militar.
Humberto
de Alencar Castello Branco (1900-1967) nasce em Mecejana, Ceará, e faz carreira
militar. Chefe do Estado-maior do Exército durante o governo Goulart, participa
da conspiração para derrubar o presidente. Em 21 de março de 1964 envia
circular aos comandos regionais do Exército acusando o governo de pretender
implantar no país um regime de esquerda. Deposto Goulart e editado o AI-1,
Castello Branco é reformado no posto de marechal e eleito presidente pelo
Congresso, em 11 de abril de 1964. Morre em acidente aéreo em Mondubim, Ceará,
em 18 de julho de 1967, alguns meses após sair da Presidência.
A
linha dura – As ações repressivas do governo são
estimuladas por grande parte dos oficiais do Exército, principalmente pelos
coronéis. A chamada "linha dura" defende a pureza dos princípios
"revolucionários" e a exclusão de todo e qualquer vestígio do regime
deposto. Usando de pressões, conseguem que o Congresso aprove várias medidas
repressivas. A emenda das inelegibilidades, por exemplo, aprovada em 1965 antes
das eleições para governadores, transforma em inelegíveis alguns candidatos que
desagradam aos militares. Uma das maiores vitórias da linha dura é a permissão
dada à Justiça Militar para julgar civis pelos chamados "crimes políticos".
AI-2 – Em
27 de outubro de 1965 Castello Branco edita o AI-2: dissolve os partidos
políticos e confere ao Executivo poderes para cassar mandatos e decretar o
estado de sítio sem prévia autorização do Congresso. Estabelece também a
eleição indireta para a Presidência da República, transformando o Congresso em Colégio Eleitoral.
Bipartidarismo – O
ato complementar no 4, de 24 de novembro de 1965, institui o sistema
bipartidário no país. É criada a Aliança Renovadora Naciona (Arena), de apoio
ao governo, reunindo integrantes da antiga UDN e do PSD. O Movimento
Democrático Brasileiro (MDB) reúne oposicionistas de diversos matizes, entre os
que sobraram dos processos de repressão pós-golpe. Como único espaço consentido
de oposição, aos poucos, adquire o caráter de uma grande frente política.
AI-3
e AI-4 – Prevendo a derrota nas eleições para os governos de São
Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o governo baixa o AI-3, em 5 de fevereiro
de 1966: as eleições para governadores passam a ser indiretas. Em novembro de
1966 Castello Branco fecha o Congresso e inicia uma nova onda de cassações de
parlamentares. O AI-4, de 7 de dezembro de 1966, atribui poderes constituintes
ao Congresso para que aprove o projeto constitucional elaborado pelo ministro
da Justiça, Carlos Medeiros Silva.
Constituição de
1967 – A sexta Constituição do país e a quinta da República traduz a
ordem estabelecida pelo Regime Militar e institucionaliza a ditadura. Incorpora
as decisões instituídas pelos atos institucionais, aumenta o poder do
Executivo, que passa a ter a iniciativa de projetos de emenda constitucional,
reduz os poderes e prerrogativas do Congresso, institui uma nova lei de
imprensa e a Lei de Segurança Nacional. A nova Carta é votada em 24 de janeiro
de 1967 e entra em vigor no dia 15 de março.
Governo Costa
e Silva
O
marechal Arthur da Costa e Silva assume em 15 de março de 1967 e governa até 31
de agosto de 1969, quando é afastado do poder por motivo de saúde. Logo nos
primeiros meses de governo enfrenta uma onda de protestos que se espalha por
todo o país. O autoritarismo e a repressão recrudescem na mesma proporção em
que a oposição se radicaliza. Costa e Silva cria a Fundação Nacional do Índio
(Funai) e o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
Arthur
da Costa e Silva (1902-1969) nasce em Taquari, Rio Grande do Sul. Militar de
carreira, é afastado do comando do 4º Exército durante o governo Goulart por
ter reprimido manifestações estudantis. Ministro da Guerra durante o governo
Castello Branco, é eleito presidente da República pelo Congresso em 3 de
outubro de 1966. Toma posse em 15 de março de 1967, data em que entra em vigor
a nova Constituição. Obrigado a afastar-se da Presidência em 31 de agosto de
1969 por ter sofrido uma trombose, é substituído por uma junta militar. Morre
no Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1969.
Movimentos de
oposição – Em meados de 1967 é formada a Frente Ampla, movimento de
oposição extraparlamentar que reúne líderes do período pré-64, como Carlos
Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Crescem também as manifestações
de rua nas principais cidades do país, em geral organizadas por estudantes. Em
1968 o estudante secundarista Edson Luís morre no Rio de Janeiro em um
confronto entre policiais e estudantes. Em resposta, o movimento estudantil,
setores da igreja e da sociedade civil promovem a passeata dos Cem Mil, no Rio
de Janeiro, a maior mobilização do período contra o Regime Militar. Na Câmara
Federal, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, exorta o povo a não comparecer
às festividades do Dia da Independência. Os militares exigem sua punição. A
Câmara não aceita a exigência. O governo fecha o Congresso e decreta o Ato
Institucional no 5, em 13 de dezembro de 1968.
Áreas
de segurança – Em 17 de abril de 1968, 68 municípios,
inclusive todas as capitais, são transformados em áreas de segurança nacional e
seus prefeitos passam a ser nomeados pelo presidente da República.
AI-5 –
Mais abrangente e autoritário que todos os outros atos institucionais, o AI-5,
na prática, revoga os dispositivos da Constituição de 1967. Reforça os poderes
discricionários do regime e concede ao Executivo o direito de determinar
medidas repressivas específicas, como decretar o recesso do Congresso, das
assembléias legislativas estaduais e das câmaras municipais. O governo pode
censurar os meios de comunicação, eliminar garantias de estabilidade do Poder
Judiciário e suspender a aplicação do habeas-corpus em caso de crimes
políticos. O ato ainda cassa mandatos, suspende direitos políticos e cerceia direitos
individuais. Em seguida ao AI-5, o governo Costa e Silva decreta outros 12 atos
institucionais e complementares, que passam a constituir o núcleo da legislação
do regime. O AI-5 é revogado pela emenda no 11, que entra em vigor em 1º de
janeiro de 1979.
Junta Militar
A
Junta Militar é integrada pelos ministros da Marinha, Augusto Rademaker, do
Exército, Lyra Tavares, e da Aeronáutica, Márcio de Sousa e Melo. Governa por
dois meses – de 31 de agosto de 1969 até 30 de outubro de 1969. Em 9 de
setembro de 1969, decreta, entre outras medidas, o AI-14, que institui a prisão
perpétua e a pena de morte em casos de "guerra revolucionária e
subversiva"; reforma a Constituição de 1967 e impõe nova lei de segurança
nacional. Decreta também a reabertura do Congresso, após dez meses de recesso.
Em 25 de outubro de 1969, os parlamentares elegem o general Emílio Garrastazu
Medici para a Presidência.
Reforma constitucional
– A reforma é elaborada pelo jurista Carlos Medeiros Silva com base em estudos
feitos pelo professor de Direito Penal, Pedro Aleixo, e nas normas decretadas
pela Junta Militar. Incorpora o AI-5 e os atos institucionais posteriores à
Constituição, permite ao presidente decretar estado de sítio e de emergência.
Decurso de
prazo – A emenda constitucional no1, de 17 de outubro de 1969, cria a
figura do decurso de prazo, artifício usado pelos governos militares para seus
decretos-lei junto ao Congresso. Pela emenda, os decretos do governo não
votados num prazo de 45 dias entram automaticamente em vigor. Assim , mesmo
que os parlamentares governistas sejam minoria no Congresso, basta-lhes não
comparecer ao plenário para impedir a formação do quórum necessário às
votações.
Governo Medici
Emílio
Garrastazu Medici assume a Presidência em 30 de outubro de 1969 e governa até
15 de março de 1974. Seu governo fica conhecido como "os anos negros da
ditadura". O movimento estudantil, sindical e as oposições estão contidos
e silenciados pela repressão policial. O fechamento dos canais de participação
política leva uma parcela da esquerda a optar pela luta armada e pela guerrilha
urbana. O governo responde com mais repressão. Lança também uma ampla campanha
publicitária com o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o". O endurecimento
político é respaldado pelo chamado "milagre econômico": crescimento
do PIB, diversificação das atividades produtivas, concentração de renda e o
surgimento de uma nova classe média com alto poder aquisitivo.
Emílio
Garrastazu Medici (1905-1985) nasce em Bagé, Rio Grande do Sul. Militar de
carreira, atinge o posto de general em 1961 e o de general-de-exército em 1969.
Comandante da Academia Militar de Agulhas Negras em 1964, é um dos primeiros a
aderir ao movimento que depõe João Goulart. Na ocasião, bloqueia a marcha das
tropas leais ao governo na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio
de Janeiro. Em 1967 é nomeado chefe do SNI e, em 1969, designado comandante do
3º Exército. Em 25 de outubro de 1969 é eleito presidente da República pelo
Congresso. Morre no Rio de Janeiro em 9 de outubro de 1985.
Governo Geisel
O
general Ernesto Geisel assume a Presidência em 15 de março de 1974 e governa
até 15 de março de 1979. Enfrenta dificuldades econômicas que anunciam o fim do
"milagre econômico" e ameaçam o Regime Militar. No final de 1973 a dívida externa
contraída para financiar as obras faraônicas do governo atinge US$ 9,5 bilhões.
A inflação chega a 34,5% em 1974 e acentua a corrosão dos salários. A crise
internacional do petróleo desencadeada em 1973 afeta o desenvolvimento
industrial e aumenta o desemprego. Diante desse quadro, Geisel propõe um
projeto de abertura política "lenta, gradual e segura". Mas ainda
cassa mandatos e direitos políticos. Devido ao expressivo crescimento das
oposições nas eleições parlamentares de 1974, promulga a Lei Falcão, que impede
o debate político nos meios de comunicação, em 24 de junho de 1976.
Ernesto
Geisel nasce em Bento
Gonçalves , Rio Grande do Sul. Dedica-se à carreira militar e,
em 1964, depois de trabalhar pela deposição do presidente Goulart, assume a chefia
da Casa Militar do governo Castello Branco. Promovido a general-de-exército em
1966, chega a ministro do Supremo Tribunal Militar em 1967. Dois anos depois,
em 1969, assume a presidência da Petrobrás. É eleito presidente da República
pelo Congresso em janeiro de 1974. Após o final de seu mandato, em 1979,
dedica-se à iniciativa privada, mas mantém grande influência entre setores
militares.
Abertura política
– O plano para a abertura é atribuído ao ministro-chefe do Gabinete Civil,
general Golbery do Couto e Silva. Apesar de ser definida como "lenta,
gradual e segura", repercute negativamente entre os militares de linha
dura. Em 20 de janeiro de 1976, o general da linha dura Ednardo d'Ávila Mello é
afastado do comando do 2º Exército e substituído pelo general Dilermando Gomes
Monteiro. A medida é tomada em conseqüência da morte do jornalista Vladimir
Herzog, em 25 de outubro de 1975, e do operário Manuel Fiel Filho, em 17 de
janeiro de 1976, no interior do DOI-Codi, órgão vinculado ao 2º Exército. Em 12
de outubro de 1977 Geisel exonera o ministro do Exército, general Sylvio Frota,
também da linha dura, por sua oposição à liberalização do regime. Desmancha,
assim, as articulações do ex-ministro para sucedê-lo na Presidência.
Pacote de
Abril – Prevendo nova vitória da oposição nas eleições de 1978, Geisel
fecha o Congresso por duas semanas e decreta em abril de 1977 o chamado Pacote
de Abril, que altera as regras eleitorais: as bancadas estaduais na Câmara não
podem ter mais do que 55 deputados ou menos que seis. Com isso, os Estados do
Norte e Nordeste, menos populosos, mas controlados pela Arena, garantem uma boa
representação governista no Congresso, contrabalançando as bancadas do Sul e
Sudeste, onde a oposição é mais expressiva. O pacote mantém as eleições
indiretas para governadores e cria a figura do senador biônico: um em cada três
senadores passa a ser eleito indiretamente pelas assembléias legislativas de
seus Estados. A emenda também aumenta o mandato do presidente de quatro para
seis anos.
Eleições de
1978 – Em 15 de outubro de 1978 o MDB apresenta um candidato ao colégio
eleitoral, o general Euler Bentes. Recebe 266 votos, contra os 355 votos do
candidato do governo, general João Batista Figueiredo. Nas eleições
legislativas de 15 de novembro a Arena obtém em todo o país 13,1 milhões de
votos para o Senado e 15 milhões para a Câmara e o MDB, 17,4 milhões de votos
para o Senado e 14,8 milhões para a Câmara.
Governo Figueiredo
João
Baptista Figueiredo assume a Presidência em 15 de março de 1979 e governa até
15 de março de 1985. O crescimento das oposições nas eleições de 1978 acelera o
processo de abertura política. Em 28 de agosto de 1979 é aprovada a lei da
anistia. No mesmo ano, em 22 de novembro, é aprovada a Lei Orgânica dos
Partidos, que extingue a Arena e o MDB e restabelece o pluripartidarismo no
país. Cresce também a mobilização popular por eleições diretas para os cargos
executivos. Em 13 de novembro de 1980 é aprovada uma emenda constitucional que
restabelece as eleições diretas para governadores e acaba com os senadores
biônicos, respeitando os mandatos em curso.
João
Baptista de Oliveira Figueiredo nasce no Rio de Janeiro. Dedica-se à carreira
militar e, em 1964, chefia a agência do SNI no Rio de Janeiro. Recebe a estrela
de general-de-exército em 1978, ano em que é eleito presidente da República
pelo Congresso. Seu governo, entre 15 de março de 1979 e 15 de março de 1985,
encerra o ciclo do Regime Militar. No final de seu mandato, um civil assume a
Presidência e Figueiredo retira-se da vida pública.
Pluripartidarismo – Com
o fim do bipartidarismo, os aliados do regime aglutinam-se no Partido
Democrático Social (PDS). O MDB transforma-se no Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), mas a frente de oposições fragmenta-se. Parte
delas abandona a legenda e cria novos partidos. Ressurgem algumas das antigas
siglas, como o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que reúne setores do
antigo trabalhismo liderados por Ivete Vargas. Em janeiro de 1979 é criado o
Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo líder metalúrgico Luís Inácio
Lula da Silva, reunindo grande parcela do movimento sindical rural e urbano,
intelectuais, militantes das comunidades eclesiais de base, setores da esquerda
antes abrigada no MDB e também grupos que saem da clandestinidade. O PT é
legalizado em 1980 e, nesse mesmo ano, Leonel Brizola funda o Partido
Democrático Trabalhista (PDT), reunindo outra parcela do antigo trabalhismo.
Eleições de
1982 – Apesar do crescimento das oposições, o Regime Militar mantém o controle
sobre o processo de transição para a democracia. Em 4 de setembro de 1980 uma
emenda constitucional prorroga os mandatos dos vereadores e prefeitos e adia
por dois anos as eleições para Câmara Federal e Senado, governos estaduais,
prefeituras, assembléias estaduais e câmaras de vereadores. Um ano antes das
eleições, marcadas para 15 de novembro de 1982, o governo proíbe as coligações
partidárias e estabelece a vinculação de voto – o eleitor só poderia votar em
candidatos de um mesmo partido. Nas eleições para governadores, as oposições
somadas obtêm 25 milhões de votos. O PMDB elege nove governadores e o PDT, um.
O PDS obtém 18 milhões de voto mas elege 12 governadores. As oposições crescem
nos grandes centros urbanos e ganham espaço nas pequenas e médias cidades.
Diretas-já
– Embora a oposição ganhe em número de votos, o Regime Militar mantém o
controle do processo político e articula a sucessão do general Figueiredo por
meio de eleições indiretas, marcadas para novembro de 1984. No final de 1983,
as oposições lançam a campanha por eleições diretas para presidente da
República. A primeira manifestação, em 27 de novembro, é organizada pelo PT e
reúne cerca de 10 mil pessoas em São Paulo. O movimento cresce rapidamente e
aglutina todos os setores oposicionistas. Nas principais cidades do país
multidões vão às ruas para pressionar o Congresso a aprovar a emenda Dante de
Oliveira, que restabelece as eleições diretas para presidente. As maiores
manifestações ocorrem em São
Paulo , na praça da Sé, dia 12 de fevereiro de 1984, com 200
mil pessoas; no Rio de Janeiro, a primeira no dia 21 de março, com 300 mil
pessoas e, a segunda, dia 10 de abril com 1 milhão; Goiânia, no dia 12 de
abril, com 300 mil pessoas; em
Porto Alegre , dia 13 de abril, com 150 mil; novamente em São Paulo , no vale do
Anhangabaú, com 1,7 milhão; e em Vitória, em 18 de abril, com 80 mil
manifestantes.
Emenda Dante
de Oliveira – A emenda constitucional apresentada pelo deputado
federal Dante de Oliveira vai a plenário no dia 25 de abril: 298 deputados
votam a favor, 65 contra, três se abstêm e 113 parlamentares não comparecem ao
plenário. Seriam necessários mais 22 votos, que somariam dois terços do total,
para a aprovação da emenda.