MOVIMENTOS NATIVISTAS
Entre meados do século XVII e começo do século XVIII, os
abusos da Coroa na cobrança de impostos e dos comerciantes portugueses na
fixação de preços começam a gerar insatisfação entre a elite agrária da
colônia. Surgem os chamados movimentos nativistas: contestação de aspectos do
colonialismo e primeiros conflitos de interesses entre os senhores do Brasil e
os de Portugal. Entre esses movimentos destacam-se a revolta dos Beckman, no
Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais (1708),
e a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710).
Revolta
dos Beckman
A revolta dos Beckman tem suas origens em problemas no
comércio de escravos no Maranhão. Para abastecer as grandes propriedades da
região, Portugal cria a Companhia de Comércio, em 1682, empresa que monopoliza
o comércio de escravos e de gêneros alimentícios importados. Deve fornecer 500
escravos negros por ano, em média, durante 20 anos e garantir o abastecimento
de bacalhau, vinho e farinha de trigo. Não consegue cumprir esses compromissos.
A carência de mão-de-obra desorganiza as plantações e a escassez de alimentos
revolta a população.
Reação dos colonos – Em fevereiro de 1684 os habitantes
de São Luís decidem tomar os depósitos da Companhia de Comércio e acabar com o
monopólio. Chefiados por Manuel e Tomás Beckman, grandes proprietários rurais,
prendem o capitão-mor Baltazar Fernandes e instituem um governo próprio,
escolhido entre os membros da Câmara Municipal. Sem propósitos autonomistas,
pedem a intervenção da metrópole. Portugal acaba com o monopólio da Companhia
de Comércio. O novo governador chega à região em 1685. Executa os principais
cabeças do movimento. Os demais são condenados à prisão perpétua ou ao degredo.
Guerra
dos Emboabas
As disputas pela posse e exploração das minas de ouro são os
motivos da Guerra dos Emboabas. Os portugueses, chamados de emboabas,
reivindicam o privilégio na exploração das minas. Porém, paulistas e sertanejos
também têm o direito de explorá-las. Explodem conflitos em toda a região das
minas. Um deles, que envolve paulistas comandados por Manuel de Borba Gato e
emboabas apoiados por brasileiros de outras regiões, assume grandes proporções.
Capão da Traição – Sob o comando de Manuel Nunes
Viana, proclamado governador de Minas, os emboabas decidem atacar os paulistas
concentrados em
Sabará. No Arraial da Ponta do Morro, atual Tiradentes, um
grupo de 300 paulistas investe contra os portugueses e seus aliados, mas acaba
se rendendo. Bento do Amaral Coutinho, chefe dos emboabas, desrespeita
garantias estabelecidas em casos de rendição e, em fevereiro de 1709, chacina
os paulistas no local que fica conhecido como Capão da Traição. O
governador-geral Antônio Coelho de Carvalho intervém e obriga Nunes Viana a
deixar Minas. Para melhor administrar a região, é criada em 9 de novembro de 1709 a capitania de São
Paulo e Minas, governada por Antônio de Carvalho. Em 21 de fevereiro de 1720,
Minas separa-se de São Paulo.
Guerra
dos Mascates
O conflito de interesses entre os comerciantes portugueses
instalados no Recife, chamados pejorativamente de mascates, e os senhores de
engenho de Olinda dá origem à Guerra dos Mascates. Olinda é a sede do poder
público na época e os senhores de engenho têm grande influência nos rumos da
capitania. No início de 1710, o governador de Pernambuco, Sebastião de Castro
Caldas, decide promover Recife, onde concentram-se os comerciantes portugueses,
a sede do governo.
Confronto Olinda-Recife – A população de Olinda se rebela
contra a decisão e ataca Recife, dia 4 de março. Destrói o pelourinho da vila,
símbolo do poder político municipal, expulsa o governador e entrega o poder ao
bispo de Olinda, dom Manuel Álvares da Costa. A metrópole envia outro
governador a Pernambuco, Félix Vasconcelos, que toma posse em 10 de janeiro de
1711. Os conflitos continuam até 7 de abril de 1714, quando é feito um acordo:
Recife permanece como capital e o governador passa a morar seis meses em cada
vila.
CULTURA COLONIAL
Até o século XVII, a escassa vida cultural da colôniagira em
torno dos colégios jesuítas. A literatura e o teatro, influenciados pelo
universo religioso, trazem um discurso retórico e moralizante. Os primeiros
sinais de uma produção cultural de caráter nativista aparecem no livro de
poemas Música no Parnaso, de Manoel
Botelho de Oliveira (1636-1711). Significativa é também a obra satírica de
Gregório de Matos e Guerra, que traça amplo painel da vida na Bahia.
Grêmios
literários – Em
meados do século XVIII começam a proliferar no Rio de Janeiro e na Bahia os
grêmios literários e artísticos. Integrados por médicos, funcionários públicos,
militares, magistrados e clérigos, impulsionam pesquisas e obras com temas
nacionais.
Arte
e literatura mineiras
O desenvolvimento urbano e a concentração de riquezas na
região das minas permite o florescimento de um excepcional movimento
arquitetônico e plástico: o barroco mineiro. Na literatura, a região vê nascer
o arcadismo, primeira escola literária da colônia.
Barroco mineiro – O maior expoente do barroco
mineiro é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Escultor, entalhador e
arquiteto, Aleijadinho trabalha principalmente em Vila Rica , atual Ouro
Preto, e Congonhas do Campo. Tem obras espalhadas em São João del Rey, Sabará
e Mariana.
Arcadismo – Por volta de 1757, surge um
movimento literário específico da região das minas, o arcadismo. Privilegia o
bucólico e a simplicidade, utiliza imagens da mitologia e modelos literários
greco-romanos. Destacam-se a obra lírica de Tomás Antônio Gonzaga e os poemas
épicos de Cláudio Manuel da Costa. Os árcades mineiros críticam a opressão
colonial e participam da Inconfidência Mineira.